sexta-feira, 20 de maio de 2022

FELIPPE VALADÃO PRATICA INTOLERÂNCIA RELIGIOSA EM ITABORAÍ E ESPÍRITAS FAZEM MANIFESTAÇÃO


O primeiro dia de shows em comemoração aos 189 anos de emancipação político-administrativa de Itaboraí foi marcado por muita música gospel e INTOLERÂNCIA RELIGIOSA, na noite desta quinta-feira (19/05), em um palco localizado na Avenida 22 de Maio, em Joaquim de Oliveira. 


Nem mesmo a chuva foi capaz de impedir que o público presente curtisse todas as atrações do dia. A programação começou com a apresentação de artistas da cidade, com Ana Clara, Michelly do Valle e Fredy Miller. Na sequência, os pastores Mariana Valadão e Felippe Valadão subiram ao palco e no momento da pregação, aconteceu FLAGRANTE INTOLERÂNCIA RELIGIOSA repudiada em todo o país e que virou notícias nas redes sociais e em todos os veículos da imensa nacional, tal foi o absurdo das declarações. O evento também contou com renomados artistas do cenário, como Bruna Karla e Gabriel Guedes.


Presente na primeira noite de shows, o prefeito Marcelo Delaroli fez questão de agradecer a presença do público itaboraiense e reafirmou o compromisso com o resgate da autoestima da população. “Que momento único estamos vivendo. Desde já, muito obrigado a todos que formaram esse mar de gente”, destacou o prefeito que não imaginava que pouco mais de uma hora da abertura do show, Itaboraí viveria uma das maiores cenas de intolerância religiosa propagadas no Brasil e com repercussão NEGATIVA em todo o país.


O FATO LAMENTÁVEL

Um dos maiores nomes da nova geração de pastores das igrejas evangélicas brasileiras, Felipe Valadão, líder religioso da igreja Lagoinha (fundada pelo seu sogro em Belo Horizonte) com sede em várias cidades, inclusive em Niterói (onde mora o pastor com a esposa a cantora Gospel Mariana Valadão), e que em suas pregações nas igrejas (principalmente na Lagoinha de Charitas) nunca fez atos de intolerância religiosa, deu uma pisada na bola e cometeu FLAGRANTE CRIME de intolerância religiosa no dia dos shows gospel nas comemorações dos 189 anos de Itaboraí.

No vídeo abaixo Felippe Valadão diz que ao público que a cidade está "endemoniada" e que os centros de Umbanda do município serão fechados: "Avisa aí que o tempo desses endemoniados de Itaboraí da bagunça espiritual acabou. A igreja está na rua!"

E aos gritos (Deus é surdo???) e pulando muito continuou: "A igreja está de pé! Pode matar galinha, pode fazer farofa, pode fazer o que você quiser. E ainda digo mais: prepara para ver muito Centro de Umbanda fechado na cidade. Deus vai começar a salvar esses pais de santo da cidade."

REVOLTA EM TODO O PAÍS
 
A Comissão de Povos Tradicionais de Terreiro de Itaboraí emitiu uma nota repudiando o discurso do pastor. 


"Em sua fala, o Pastor agride de maneira vil, desrespeitosa e ameaçadora a comunidade religiosa do Candomblé e da Umbanda nesta cidade. O Deus com maiúsculo que conhecemos não compactua com sua megalomania, loucura e arrogância", diz o texto da comissão.

Através das redes sociais, a Prefeitura da cidade informou que as declarações dos convidados são de inteira responsabilidade dos próprios: "Destacamos ainda que o governo é para todos, que repudia qualquer manifestação de intolerância religiosa e ressalta que o Estado é laico", complementa o órgão.

A Comissão de Combate às Discriminações e Preconceitos de Raça, Cor, Etnia, Religião e Procedência Nacional da Assembleia Legislativa do Rio (ALERJ) entrou com um ofício no Ministério Público e na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decrad) sobre o caso.

O deputado estadual Carlos Minc (PSB), presidente da comissão, reclamou do discurso do pastor e considerou o ato como um crime de intolerância religiosa.


"Oficiamos o Ministério Público e o Decrad. Aquela pedra que fere e aquele fogo que incendeia um Centro de Umbanda tem por trás disso uma pregação. As palavras matam porque elas impulsionam a pedra e o fogo. É um absurdo e uma tristeza. Um crime de intolerância muito grave", disse.

Procurada, a Polícia Civil informou que o fato foi comunicado na Delegacia de Itaboraí (71ª DP). Os envolvidos serão chamados para prestar depoimento na delegacia. Os investigadores vão analisar as imagens para elucidar o caso.


LIGAÇÃO DIRETA

Edio Mataruna, primo do prefeito Marcelo Delaroli, além de trabalhar na prefeitura de Itaboraí, tem 22 anos de caminhada com Cristo, pastoreia e lidera os voluntários e ministérios da Lagoinha Rio dirigida pelo pastores Felippe e Mariana Valadão. 

A redação do jornal Saquarema tentou contato com o Pastor Felippe Valadão, mas não conseguiu retorno.


Líderes se manifestam contra a intolerância religiosa em Itaboraí

Ao todo, um total de 500 pessoas participaram do manifesto

Lideranças de religiões de matriz africana se reuniram na praça Marechal Floriano Peixoto, no centro de Itaboraí, Região Metropolitana do Rio, na manhã deste domingo (22), para organizar uma manifestação contra a intolerância religiosa. O motivo da ação, de acordo com as entidades religiosas, foi devido ao discurso desferido pelo pastor Felippe Valadão na ultima quinta-feira (19), durante um show pago pela prefeitura do município.

O pastor usou tom de ameaça para afirmar que iria acabar com os terreiros de umbanda de Itaboraí e 'converter' os líderes das religiões ao evangelismo.

De acordo com Everton dos Reis, um dos coordenadores do ato, o maior objetivo do dia é ser escutado pela população local e conscientizar a todos sobre a gravidade das declarações do pastor. Além de cobrar um posicionamento da prefeitura já que, até o momento, ele afirmou que ninguém os procurou.



"Nosso objetivo é ser ouvido pela população local, conscientizar essas pessoas também. E que o Prefeito nos atenda, porque, até agora, ele está fugindo da gente. A gente quer conversar para entender o que ele tem de proposta para reverter esse quadro", disse o coordenador.

Everton informou também que as lideranças religiosas presentes vieram de vários outros locais, como Niterói, Rio, Madureira, Maricá, Rio Bonito e Tanguá. Ao todo, um total de 500 pessoas participaram do manifesto, que repercutiu junto ao desfile de comemoração aos 189 anos de Itaboraí.

O professor Babalawô Ivanir dos Santos, interlocutor da comissão de combate à intolerância religiosa, indignado, comentou que não acha justo um crime acontecer em praça pública e autoridades locais não tomarem nenhuma providência.

É um ato de Intolerância religiosa, e isso é crime! O interessante é o argumento construído para tentar justificar o injustificável, ao dizer que se colocou oferendas, numa praça pública, como se estivessem fazendo um culto. Que eu saiba o poder público não pode financiar culto. Se foi um culto financiado pela prefeitura, o prefeito responde por cúmplice de um ato de intolerância religiosa. Não cabe mais isso em um Brasil de hoje, em um momento em que todos nós queremos lutar pela liberdade, democracia, estado laico e adversidades"
disse Ivanir dos Santos, interlocutor da comissão de combate à intolerância religiosa
  
Através das redes sociais, a Prefeitura de Itaboraí se pronunciou afirmando que as declarações dos artistas são inteiramente de responsabilidade dos mesmos, e que não apoiam atos de Intolerância religiosa. Eles também destacaram, durante o protesto, que buscam promover a paz e união. Lamentaram também, o fato de não poderem voltar ao passado e apagar 'o erro de uma das manifestações da última quinta-feira'. Por fim, declararam que reconhecem este erro e vão cuidar para que não se repita.